quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

ABAIXO-ASSINADO PELA PERMANÊNCIA DO PROFESSOR JEAN CARLOS DIAS

Recebi hoje o seguinte e-mail da Tainá:

Fernando,

Conversei com o Jean e ele disse que a Aline Chamié que determinou que ele não ficasse mais com a nossa turma e com o pessoal da tarde, mas também não deu maiores explicações pra ele.

Ele também disse que o pessoal da tarde fez um abaixo assinado requerendo a permanência dele como professor, mas ela nem aceitou.

Bom, o que venho propor é o seguinte, poderíamos fazer um ofício (abaixo-assinado) juntando as turmas da noite e da tarde, não mais pedindo, mas informando à Coordenação que, caso coloquem outro professor no lugar do Jean, a turma se recusaria a assistir aula, ou seja, vamos boicotar a aula de qualquer professor que venha substituir o Jean.

Acontece que isso deve ser feito antes de terminar esse semestre porque seria uma falta de consideração com o professor novo ninguém aparecer pra aula dele. Fica chato. Então a coordenação tem q estar informada antes que organize os horários dos professores pra que isso seja evitado.

To te mandando esse e-mail porque acho que tu tens o e-mail de todo mundo. E também pra q a gente tome a frente disso.

Me responde assim que der pra gente ver se já leva hoje no CESUPA pro pessoal assinar, já que hoje tem prova de penal e de processo do trabalho.

Bjoos
Tainá

Concordo e assino em baixo!

Queridos colegas, como se sabe, a nossa inexorável coordenadora de curso, se recusa a refazer os horários de aula para encaixar por mais um semestre o professor Jean Dias, titular da disciplina de Direito Processual Civil, e desde já, nosso paraninfo, então resolvemos fazer um abaixo assinado nos recusando a aceitar outro professor, em minha opinião, não mais direcionado à coordenação, e sim à reitoria. Para tanto, necessitamos da colaboração de vocês, mas especificamente de suas assinaturas, que serão recolhidas no dia 10/12/2007 na nossa sala, às 18:30. Estarei lá esperando por vocês. Um grande abraço!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Histórias do Círio

Peripécias de Nazareno

- Vó me conta uma historinha?

- Claro minha netinha, mas que tipo historinha você quer que eu conte?

- Eu queria uma história sobre pato!

- “Pato”! Hum... Vamos ver... Há! Já sei! Vou te contar uma história que aconteceu comigo há muito tempo.

Depois de muitos anos morando em São Paulo, seu avô e eu resolvemos nos mudar para Belém, terra natal dele. Quando chegamos aqui, em outubro, bem pela época do Círio, me encantei com a grandiosa e belíssima festa em homenagem à Virgem Santa de Nazaré. Era a festa da fé. Em toda a minha existência, jamais tinha visto festa tão fervorosa quanto essa, na época ouvi um comentário afirmando que se tratava da segunda maior festa religiosa do mundo, perdendo apenas para a procissão de Aparecida do Norte, a padroeira do Brasil, em virtude de seu grande número de fieis.

Seu avô e eu fomos à casa de uns amigos dele que haviam nos convidado para almoçar, foi quando pela primeira vez provei o “Pato no Tucupi”, aquela foi a melhor iguaria que eu havia comido, tinha também uma “Maniçoba”, da qual não me atrevi a comer, pois tinha um aspecto um tanto esquisito. Fiquei tão maravilhada com o “Pato”, que resolvi pedir a receita à anfitriã, a fim de prepará-lo num almoço na semana seguinte em minha nova casa.

Como eu era nova na cidade, dona Maria, que havia me fornecido a receita, fez o obséquio de encomendar o pato. Segundo ela, o pato deveria ser comprado vivo, para ser morto e depenado por quem fosse cozinhá-lo, esse era o costume, portanto achei por bem preservá-lo. Quando o animal chegou à minha casa, fiquei impressionada com aquele “patarrão”. Amarrei-o no quintal e fui até a cozinha iniciar os preparativos do “Prato”, foi quando ouvi um grito:

- Corre que o pato ta fugindo!

Corri até o portão e vi meu pato fugindo ao longo da rua, e pra não perder o “pato” e o “prato”, corri atrás do dito cujo. Mas não é que o danado corria mesmo. Ele subiu a Antônio Barreto, pegou a Alcindo Cacela, e eu na cola dele, estava tão concentrada em querer alcançá-lo que nem me dei conta da multidão que se formava atrás de nós, até que ouvi outro grito:

- Quem pegar o pato leva pra casa!

E o povo crescia atrás do meu pato que a essa altura já tinha chegado à José Malcher e seguia em direção à Avenida Nazaré. Já estava cansada de tanto correr e imaginando se esse pato não ia mais parar. Um garoto que assistia a tudo de longe berrou: - Égua do pato ligeiro! E quanto mais difícil se tornava alcançar o pato, mais gente se empenhava em consegui-lo. Ao chegar à Basílica de Nazaré, o pato parou e entrou na igreja, e a multidão de corredores entrou junto.

Foi a maior confusão, era gente pra todo o lado, correndo, gritando e chamando pelo pato, outros fazendo promessas pro caso de encontrá-lo, enfim, a igreja estava a maior balbúrdia. O padre e o sacristão já estavam perdendo a paciência com todo aquele alvoroço na casa de Deus, até que finalmente eu o encontrei, e num rompante de alegria soltei um urro que fez com que todos se calassem. Tive muita sorte de ter ido procurar aquele pato justo no lugar menos provável, o confessionário. Diante daquela situação constrangedora e embaraçosa, não tive outra saída senão pedir desculpas ao padre e explicar toda a situação, e enquanto eu me explicava, a multidão, agora sentada e em silêncio, ouvia atentamente cada detalha de minha aventura. No final todos riram e ficaram muito impressionados com tudo, principalmente com a destreza daquele pato. O padre aproveitou que a igreja estava cheia e resolveu realizar uma missa.

Ao sair da igreja com o pato nos braços, fui abordada pelo repórter de um jornal local, ele queria que o pato e eu fôssemos ao telejornal dar uma entrevista. No fim de tudo, o pato e eu acabamos virando celebridades e eu acabei ficando sem o “prato”. Como se isso não bastasse lhe deram o nome de Nazareno e ainda escolheram-no para ser a mascote da corrida do Círio, que acontece todos os anos.

- Então? Gostou da historinha?

- Adorei vovó, amanhã eu vou querer ouvir outra! Boa noite!

- Boa noite minha querida, sonhe com os “patos”. Quer dizer, com os anjos!

Texto de: José Fernando Oliveira de Freitas.